Por Folha de S.Paulo - 11/11/11
A consagração da tecnologia flex nos últimos anos confirmou o papel estratégico do etanol na matriz energética nacional e culminou em operações emblemáticas de consolidação do setor de bioenergia, que trouxeram grandes empreendedores, gestão profissionalizada e novo ciclo de investimentos para a expansão da capacidade produtiva do biocombustível.
Essa transformação se estende por toda a cadeia produtiva: as novas usinas deixaram de ser necessariamente proprietárias de terras e passaram a plantar cana própria em terras arrendadas.
Há grande oportunidade de transformar proprietários de terra em fornecedores de cana para essas usinas, acelerando o crescimento do setor de bioenergia e permitindo maior participação de parceiros regionais no negócio.
O setor de bioenergia conta com 70 mil fornecedores independentes de cana, que abastecem mais de 430 usinas em todo o Brasil, segundo a Unica. A participação desses produtores, concentrados principalmente no Estado de São Paulo, tem sido reduzida e, nos últimos cinco anos, teve média de 40%.
Em Estados considerados novas fronteiras do cultivo, como Goiás e Mato Grosso, a participação de fornecedores independentes é de 27% e 17%, respectivamente.
Ao lado dos ambiciosos programas de expansão de plantio de cana própria nessas regiões pelas usinas, existe uma oportunidade de desenvolver novos fornecedores de cana, gerando maior integração da cadeia produtiva e distribuição de riqueza.
Neste ano o governo federal anunciou linhas de crédito de até R$ 1 milhão para pagamento em cinco anos, por meio do Plano Safra 2011/2012. Essas condições, no entanto, são insuficientes para suprir as necessidades dos potenciais produtores de cana. Uma solução é oferecer maiores linhas de crédito por produtor, com maiores prazos para pagamento, compatíveis com os contratos de fornecimento de cana. Dessa forma, as usinas se tornam facilitadoras dos investimentos e os bancos têm garantias mais firmes de recebimento.
No momento em que o setor de bioenergia tem o desafio de expandir a oferta de etanol, cresce a oportunidade de desenvolver parceiros agrícolas independentes para fornecimento de cana complementar à produção própria das usinas. A cultura da cana, além de promover o desenvolvimento econômico e social dessas regiões, pode transformar donos de terras em legítimos empresários.
JOSÉ CARLOS GRUBISICH é presidente da ETH Bioenergia.
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